O salto poderia muito bem resolver todos os meus problemas, sentir o vento gelado pelo rosto me traria o animo novamente, mas dessa vez vou preferir uma garrafa de vodka, uma caneta e um papel, descrever minha dor é como transpassá-la de um corpo a outro, nem que o outro corpo seja somente papel, matéria inanimada, a dor escorrega em um momento. Talvez hoje essa seja a solução.

(...)

E a dor já é tanta que não cabe mais no quarto, o grito sai pela janela, a queda parece a solução, Não há espaço para um corpo dolorido e para o grito no mesmo espaço. Tudo que eu desejo é deixar o grito e saltar com meu corpo dolorido, para qualquer lugar que seja,- e embora eu saiba que a queda não mata, não instantâneamente, mas aos poucos,e o grito agudo ao invés de sair, irá me invadir, perfurar a matéria, sangra a alma - e apesar de tudo isso, ou talvez só isso, esse me parece o melhor caminho,me parece mais sábio desafiar a dor, do que conviver com esse grito contínuo que estúpidamente violenta meus ouvidos e minha alma. Melhor enlouquecer sábio, do que apodrecer sóbrio.


Será que sou tão implícita assim? Será que eu preciso rasgar meu peito com um punhal parar que todos vejam como soupor dentro? Será que sou mesmo oculta, ou será que cegos são os que a minha volta estão? Cegos não! Indiferentes, ignorantes, inertes à qualquer sentimento. O problema está exatamente na nossa frente, preciso repetir para mim mesma todos os dias pra que não seja tola como eles, o que acontece é que eu não quero ver que ninguém se importa. Alguém já lhe disse qual era a cor dos seus olhossem errar? Inocente demais da minha parte abrir um mundo que é só meu para visitação ao público, o que aconteceu foi o óbvio,virei atração turistica, é tudo lindo demais pra quem vê, mas não se acha quem queira permanecer por muito tempo perto. E por inúmeras vezes dei, e continuo dando esse espaço para as pessoas, eu continuo tentando preencher todos os espaços do meu mundo com pessoas, grandes, pequenas, feias e bonitas, boas e más. Alias, eu continuei, mas não segui, não foi preciso, meu mundo está completo, há uns dois anos eu não preciso de tantas pessoas no meu mundo. Hoje, eu preciso das pessoas que querem estar no meu mundo, hoje, só hoje eu vivo.

Gostoso mesmo é não escrever, é deixar as palavras assim, soltinhas batendo de um lado para o outro na sua cabeça, mais gostoso ainda é sentir, sentir o coração batendo forte e sorrir.
E por esse motivo eu escrevo, para que as ideias saltem da cabeça de tão soltas, para que as palavras tentem traduzir porque o coração acelera e meu sorriso é largo. Meu motivo tem um nome, meu motivo, minha razão. (L~).


(Breve pausa e me pergunto qual é a dificuldade de me descrever, depois de tentativas completamente frustradas e frustrantes penso: Talvez um rascunho, mutante e errante)


Eu, mulher, repleta de sonhos e desejos, descobri que posso ser mais do que esperam de mim, eu posso ser - e sou - ponta de aresta e pétala de rosa, sou sumo e polpa. Eu dito minhas próprias regras, não separo pessoas por grupos, amo todas as imperfeições, meu nome não importa,não me defino em linhas.Quem sou, não muda o que sinto.

Afasto as ideias como se fossem fumaça e penso; Anda, vá dormir, decodificar coisas e pessoas não é para o teu bico.




Quando todas as luzes se apagam, e você sabe que esta realmente sozinho, quando não há mais ninguém por perto, nem que te faça rir, nem tampouco chorar, quando o show acaba, e fecham-se as cortinas, quando você se sente como uma folha solta no ar em uma tarde qualquer de outono, e finalmente pode abrir seu coração, você consegue deixar todos os seus sentidos "in natura", deixar a tua verdade nua e crua, quando você consegue se transformar, consegue mutar novamente para a sua pele, abrir os poros, deixar transparecer a alma na palma da mão. Quando tudo que você deseja é ser você, é estar em você, então, olha na janela, o dia esta por vir, e você então se transforma em tudo aquilo que o mundo ama em você; a sua fantasia, a tua mascara de sorrisos. Abrem-se as cortinas, o show recomeça. Nada mudou.

E assim, andando em uma estrada, na chuva, era só isso que eu tinha, mãos nos bolsos e a vaga impressão de que ali não era meu lugar, os pingos caiam cada vez mas depressa e mais fortes na minha face, já não sabia se aquilo que entrava
forçadamente pela minha boca eram lágrimas ou gotas de chuva. Então caminhei, um mundo inteiro nas costas, uma vontade de seguir, de continuar procurando esse vasto caminho de vidas cruzadas, e amores perfeitos.
Vontade de olhar para o sol e caminhar para a fé, caminhar grande, caminhar pensando, sem olhar pessoas e sim corações, sem medir sentimentos, sem dosar afeto, sem olhar para trás. Sem planos e nem rumo. eu quero viver além de estar.
Somente andar, me jogar do décimo segundo andar, aprender a voar, ganhar amigos, guardar saudade, e tudo isso me custará a vida, mas se me custar uma vida bem vivida, eu pago o preço que for, até mesmo porque viver dessa forma não é pagar, e sim receber!

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